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Era K7

Não há muito tempo, ainda esse ano, estava passando uma propaganda de algum item de consumo (não lembro se era chocolate, ou bala) em que o filho enxergava o pai na adolescência, representada claramente como entre os anos 80 e 90, com mulets e jaqueta jeans, onde o pai, deslumbrado, mostrava uma fita cassete para o filho e dizia: "Cabem 30 músicas!"



Eu ri, não tinha como não rir, porque se hoje eu coloco muitas e muitas músicas no cartão de memória que vai no meu celular, a propaganda me fez lembrar o sofrimento que era gravar uma quantidade de músicas numa fita cassete. Você começava as músicas, muitas vezes direto da rádio, e de repente (tac) os botões de rec subiam porque aquele lado acabou. Sim, porque eram cerca de 30 min pra cada lado.

Recentemente, o filme Guardiões das Galáxias 2014/2017, também trouxe a fita K7 a tona, isso porque o personagem Peter Quill (Star Lord) carrega consigo um walkman e duas fitas cassetes (uma para cada filme) que ele vai ouvindo ao longo do filme. (Trilhas sonoras maravilhosas, por sinal, Recomendo!).

As fitas K7, como escrevíamos, era uma forma mais barata de você ter as músicas que gostava, você podia, como eu disse ali em cima, gravar do rádio, do LP, e na era CD, deles também. Aliás, os CDs me facilitavam muito a gravação em fitas K7, geralmente eu pegava um cd emprestado, ouvia até decidir quais as músicas eu gostava mais. Músicas escolhidas, eu ia na contracapa do cd e somava o tempo das músicas priorizando as minhas preferidas, no pouco tempo que faltava, eu deixava as músicas menos preferidas, que não me importariam que fosse interrompida no meio.

Rádio comum nos anos 90 com dois decs
Nossos rádios vinham equipados com o dec de fita, depois de alguns anos, mais pros meados dos anos 90, os rádios começaram a trazer dois decs, nos dois você podia ouvir, mas um gravava de uma fita pra outra. Então, se aquele seu amigo tinha uma fita bem bacana e vc queria pra vc, bastava comprar uma fita virgem, e gravar a fita de seu amigo.

A K7 era um retângulo que podia ser com uma cor chapada ou transparente por fora, composto por uma fita magnética, geralmente de cor marrom, lá dentro duas "engrenagens" por onde a fita se movia.

Em um dos lados da fita, tinha algumas aberturas, que era onde o mecanismo do toca fita conseguia ler o conteúdo da fita. Do outro, tinham dois pequenos lacres de plástico onde, com o lacre, você conseguia gravar na fita, sem o lacre era quase impossível (quase porque a gente burlava tapando com fita adesiva).

Mas a tristeza minha gente, vinha quando a fita começava a ficar com o som mole, lerdo, abafado que podia ser a validade da fita, ou sujeira no dec, neste último caso era tentado de tudo, soprar dentro do dec, limpar com cotonete e acetona, álcool, sei lá rsrsrs. Outra coisa ruim, era quando a fita magnética desprendia sendo puxada pelo dec, e você entrava em desespero torcendo para não amassar fazendo vincos e tentar colocar pra dentro (geralmente com a ajuda de uma caneta bic).

A fita K7 virou vintage, pudera, hoje há muitas outras formas de ouvir música, e não é mais comum virem decs nos rádios de hoje. Mas uma coisa muito legal é que muitos artesãos reaproveitam a fita para criação de porta moedas, por exemplo. Você pode encontrar alguns exemplos na galeria Endossa, que tem tanto dentro do Centro Cultural São Paulo, quanto na rua Augusta.

Ainda hoje, pleno 2017, onde você escuta as músicas que quer por meio de streaming, com sons perfeitos e selecionando exatamente a música que você quer, eu ainda mantenho minha caixa com minhas K7s, porque é a representação de uma era. Eu não tenho hoje um local adequado para ouvi-las mas sei, em meu coração, as alegrias que elas me trarão o dia que eu conseguir ouvi-las, porque minha mente rodopiará e voltará àquelas memórias boas, que não voltam mais.

Beijos na testa.

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